Sorrisos são espalhados de diversas formas todos os dias, como uma forma de melhorar as coisas, mas ultimamente eu não estava lá muito disposta para sorrir desde que meus pais anunciaram a nossa mudança de casa, pior, de cidade.
Eu era só mais uma garota comum, chamada Sofia, com seus longos e duradouros 15 anos, morava em uma cidadezinha do interior do São Paulo que de repente teve sua vida mudada ao ver que teria que se mudar para Brasília, não podia ser qualquer lugar? Florianópolis, Rio, Fortaleza, não tinha que ser a Capital, o que não me agradava nada, já que a praia ficava a centenas de km. Para meus pais tudo parecia excelente como nunca esteve melhor, é claro porque, eles haviam sido promovidos e ganhariam praticamente o dobro do que ganham hoje, mas o fato é e as pessoas que eu estaria deixando pra trás, e as minhas amigas e meu namorado? Ok, eu não chegava a ter lá muitas amigas, mas eu gostava das poucas que tinha, e namorado, eu também não tenho, mas o fato é eu estava com medo de ir pra outra cidade assim tão de repente, apesar, de todo meu azar, e tudo que nunca dava certo na minha vida, nunca me preocupei, e sempre superei as coisas de um modo bem rápido, o que na verdade, era a mesma coisa que dizer ‘me acostumei a não acontecer nada emocionante na minha vida’.
Meus pais passaram as próximas duas semanas tentando sempre que pudessem, falar coisas boas da nossa nova cidade, mas toda vez que tocavam no assunto um nó no meu estomago crescia e crescia, só de imaginar, escola nova, sem amigos novamente, sem nenhuma possibilidade de namorados, e uma completa estranha, o que poderia ser melhor?
Por mais que não quisesse, eu tive que aceitar tudo bem que foi depois de bastante birra, mas depois da minha décima oitava tentativa frustrada, descobri que eu era um fracasso até em tentar convencer as pessoas a fazerem o que quero, então de mau humor, cara amarrada, realmente triste e com medo, arrumei minhas malas e passei dias encaixotando dezenas de caixas cheias de etiquetas com nomes.
Segundo meus pais para que a mudança ficasse ainda mais emocionante e já que tínhamos que ficar de olho no caminhão, resolveu-se que iríamos ir de carro. Será que mais alguma coisa poderia dar errado? Certamente que não.
Tentei sorrir a cada noticia que eles me davam, por mais que visse que tudo aquilo me desagradava em todos os pontos, mas eu sabia que isso os fazia mais feliz do que tinham sido durante um bom tempo, quem sabe com esses salários dobrados, eu não posso cobrar, já que fui muito boazinha aceitando Brasília como nosso novo lar, um cartão cinza e metálico, vulgo cartão de credito.
O mais difícil foi despedir das minhas amigas, em especial da Bruna, que era tão nerd, estranha quanto eu, o que me fazia sentir-me bem, não era a única no mundo certo?